sábado, 7 de fevereiro de 2015

Margaret Macdonald criou o arrebatamento Pré-Tribulacionista?




Lamentavelmente, os críticos do dispensacionalismo dizem que o ensino do ARREBATAMENTO DA IGREJA ANTES DA GRANDE TRIBULAÇÃO é uma inverdade, concluindo que é fruto de uma revelação exposta por uma adolescente (Margareth Macdonald).


Tal conclusão é fruto de uma postura racional infiel à história do ensino e de não ser provida de análises atenciosas, pois quando se lê o relato da revelação da mística adolescente Margareth Macdonald, ver-se-á que tal revelação não ensina o arrebatamento pré-tribulacional da Igreja, e sim, outra forma de arrebatamento. Vejamos o que foi dito no Monergismo.com:


Sempre que o cristão encontra uma doutrina que não foi ensinada por alguém de qualquer ramo da igreja de Cristo durante os dezoito séculos passados, ele deveria ter muita suspeita de tal ensino. Esse fato em e por si mesmo não prova que o novo ensino é falso. Mas, deveria definitivamente levantar suspeitas, pois se algo é ensinado na Escritura, não é absurdo esperar que ao menos uns poucos teólogos e exegetas tenham descoberto isso antes. O ensino de um arrebatamento secreto pré-tribulacional é uma doutrina que nunca existiu antes de 1830.

O arrebatamento pré-tribulacional veio à existência mediante uma exegese cuidadosa da Escritura? Não! A primeira pessoa a ensinar a doutrina foi uma jovem chamada Margaret Macdonald.

Margaret não era teóloga nem expositora bíblica, mas uma profetiza da seita Irvingita2 (a Igreja Católica Apostólica). O jornalista cristão Dave MacPherson escreveu um livro sobre o assunto da origem do arrebatamento secreto. Ele escreve: “Temos visto que uma jovem escocesa chamada Margaret Macdonald teve uma revelação particular em Port Glasgow, Escócia, no começo de 1830, de que um grupo seleto de cristãos seria capturado para encontrar Cristo nos ares, antes dos dias do Anticristo. Uma testemunha ocular, Robert Norton M.D., preservou o relato escrito a mão por ela da sua revelação de um arrebatamento pré-tribulacional em dois de seus livros, e disse que foi a primeira vez que alguém dividiu a segunda vinda em duas partes ou estágios distintos. Seus escritos, juntamente com muitas outras literaturas da Igreja Católica Apostólica, ficaram escondidos por muitas décadas do pensamento evangélico dominante, e apenas recentemente reapareceram.

As visões de Margaret eram bem conhecidas por aqueles que visitavam sua casa, entre eles John Darby dos Irmãos. Dentro de poucos meses sua concepção profética distintiva foi refletida na edição de setembro de 1830 do The Morning Watch3 e na primeira assembléia dos Irmãos em Plymouth, Inglaterra. Os primeiros 1 E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em dezembro/2007. 2 Irvingitas são os seguidores do famoso pregador de Londres, Edward Irving. A nova denominação Igreja Católica Apostólica não foi fundada por Edward Irving (1792-1834), mas certamente recebeu sua influência. Ver artigo “Edward Irving: Precursor do Movimento Carismático na Igreja Reformada”, Alderi Souza de Matos, Fides Reformata. (N. do T.) 3 Jornal trimestral pouco conhecido publicado pelos Irvingitas de 1829 a 1832. (N. do T.) Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com 2 discípulos da interpretação pré-tribulacionista freqüentemente a chamavam de uma nova doutrina”.4 John Nelson Darby (1800-1882), que foi o líder do movimento Irmãos e “pai do Dispensacionalismo moderno”, tomou o novo ensino de Margaret Macdonald sobre o arrebatamento, fez algumas mudanças (ela ensinava um arrebatamento parcial de crentes, enquanto ele ensinava que todos os crentes seriam arrebatados) e incorporou-o em seu entendimento dispensacionalista da Escritura e profecia.

Darby gastaria o resto de sua vida falando, escrevendo e viajando para espalhar a nova teoria do arrebatamento. Os Irmãos de Plymouth admitiam abertamente e até mesmo se orgulhavam do fato que entre os seus ensinos estavam alguns totalmente novos, que nunca tinham sido ensinados pelos pais da igreja, escolásticos medievais, reformadores protestantes e muitos outros comentaristas. O maior responsável pela ampla aceitação do pré-tribulacionismo e dispensacionalismo entre os evangélicos foi Cyrus Ingerson Scofield (1843- 1921). C. I. Scofield publicou sua Bíblia de Referência Scofield em 1909. Essa Bíblia, que expunha as doutrinas de Darby em suas notas, se tornou muito popular em círculos fundamentalistas. Na mente de muitos – professores da Bíblia, pastores fundamentalistas e multidões de cristãos professos – as notas de Scofield eram praticamente igualadas à própria palavra de Deus. Se uma pessoa não aderia ao esquema dispensacionalista e pré-tribulacional, ele ou ela seria quase que automaticamente rotulado de modernista. Hoje existe uma abundância de livros advogando a teoria do arrebatamento pré-tribulacional e o entendimento dispensacionalista dos fins dos tempos. Dado o fato que entre os cristãos professos o arrebatamento pré- tribulacional ainda é freneticamente popular, uma comparação dessa teoria com o ensino bíblico está justificado.

 Veremos que os argumentos típicos oferecidos em favor dessa teoria estão em conflito com a Bíblia.5  Fonte: Extraído e traduzido do livreto “Is the Pretribulation Rapture Biblical?”, de Brian Schwertley.

4 Dave MacPherson, The Incredible Cover-Up: The True Story of the Pre-Trib Rapture (Plainfield, NJ: Logos International, 1975), p. 93. Os seguintes estudiosos são citados por MacPherson como concordando com a afirmação dele que o pré-tribulacionismo é uma doutrina totalmente moderna, que se originou em ou por volta de 1830: Samuel P. Tregelles, Alexander Reese, Floyd E. Hamilton, Oswald T. Allis, D. H. Kromminga, George E. Ladd and J. Barton Payne. MacPherson também cita vários estudiosos dispensacionalistas e pré-tribulacionistas que admitem que a teoria pré-tribulacionista é de fato uma nova doutrina: W. E. Blackstone, H. A. Ironside, Charles C. Ryrie, Gerald B. Stanton and John F.Walvoord.1


Vejamos o que diz o Dr. Charles C. Ryrie (1997) a respeito:

“A mística mencionada foi uma adolescente chamada Margaret Macdonald [...], e que, segundo se alega, influenciou tanto os seguidores de Irving como Darby, a respeito do Arrebatamento pré-tribulacionista.

Esta acusação é feita por Dave MacPherson no livro The Incredible Cover-Up (O Incrível Disfarce). [...].

Permita citar alguns trechos do relato de MacPherson sobre os manuscritos de Margaret Macdonald a respeito da sua revelação pré-tribulacionista, recebida em 1830, para que possamos ver se ela de fato ensinou o Arrebatamento pré-tribulacionista: 

“...O TEMPLO ESPIRITUAL DEVE SER E SERÁ REERGUIDO, E A PLENITUDE DE CRISTO DERRAMADA EM SEU CORPO, E ENTÃO NÓS SEREMOS TOMADOS PARA ENCONTRÁ-LO... A TRIBULAÇÃO DA IGREJA VEM DO ANTICRISTO. E SERÁ PELA PLENITUDE DO ESPÍRITO QUE NÓS SEREMOS GUARDADOS... OH! NÃO É CONHECIDO O SINAL DO FILHO DO HOMEM... EU O VI, E ERA O PRÓPRIO SENHOR DESCENDO DO CÉU COM GRANDE VOZEIRO... AGORA O INÍQUO SERÁ REVELADO, COM TODO PODER E SINAIS E MARAVILHAS MENTIROSAS, DE TAL FORMA QUE, SE FOSSE POSSÍVEL, OS PRÓPRIOS ELEITOS SERIAM ENGANADOS – ESTA É A DURA TRIBULAÇÃO QUE VIRÁ TENTAR A TODOS NÓS”.

Três coisas me preocupam aqui:

1. Essa adolescente fez uma distinção entre crentes espirituais e outros crentes, e viu somente os espirituais participando do Arrebatamento. MacPherson conclui erradamente, a partir desse fato, que Macdonald quis ensinar a vinda secreta [de Cristo]. Na realidade, ela estava ensinando o ponto de vista do arrebatamento parcial.

2. Ela viu a Igreja (“nós”) sendo purificada pelo Anticristo. MacPherson entende isso como sendo que a Igreja será arrebatada antes que o Anticristo surja, ignorando o “nós”. Na verdade, Margareth Macdonald viu a Igreja suportando a perseguição do Anticristo durante os dias da Tribulação.

3. Margareth Macdonald identificou o sinal da vinda do Filho do Homem (Mt 24.30), o qual claramente aparece no fim da Tribulação, como que acontecendo ao mesmo tempo que o Arrebatamento. MacPherson diz que Margareth Macdonald cria ou em um período muito curto de Tribulação, ou, tal como ele, ela entendeu que o sinal seria visto somente pelos crentes cheios do Espírito antes que o iníquo fosse revelado.

Na verdade, Margareth Macdonald se mostra totalmente confusa ao fazer tais afirmações.

No máximo, sua visão equacionaria o sinal do fim da Tribulação com o Arrebatamento, o que dificilmente seria o ponto de vista pré-tribulacionista! Quanto a essa adolescente [...], temos que classificá-la como “uma defensora confusa do Arrebatamento”.

Ela defendeu elementos de Arrebatamento parcial, pós-tribulacionismo, talvez Mid-Tribulacionismo, mas nunca “pré-tribulacionista.”


Notas:
  http://www.monergismo.com/textos/dispensacionalismo/origem-arrebatamento-pre_Schwertley.pdf

 (VEM DEPRESSA, SENHOR JESUS – Charles C. Ryrie – 1997 - grifos nossos)

                                                                                                                                            07/02/2015

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