sábado, 27 de janeiro de 2018

Mardoqueu era tio da rainha Ester?



                                                                 

                                                                                                        Επίστευσα, διὸ ἐλάλησα
                                                                                                                 Cri, por isso falei




                    
            Bem, durante o nosso tempo de Fé, por algumas vezes ouvimos nos templos cristãos que a rainha Ester era sobrinha de Mardoqueu, como, por exemplo, na canção cujo título é “Minha Conquista” que diz: “Ester, exemplo de mulher e de coragem, ainda criança perdeu os pais e foi criada pelo tio Mardoqueu...[1].  Bem, embora esta declaração não comprometa a história da rainha,  entendemos que ela carece duma observação com base na narrativa bíblica.


Vamos reler a história? 

Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita, que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram levados com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia. Este criara a Hadassa (que é Ester, filha de seu tio), porque não tinha pai nem mãe; e era jovem bela de presença e formosa; e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por sua filha.” (Et 2:5-7 ACF).
Perceberam que o texto diz que Mardoqueu criou Ester, e que esta era filha do tio dele? Que tal agora sabermos o nome do tio de Mardoqueu e pai de Ester?  

Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.” (Et 2:15 ACF) 

 Portanto, Mardoqueu não era tio, mas um primo que teve um papel importantíssimo na vida de Ester. 


Por Cristo, Itard Víctor


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[1] Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=quqhkOi4tuw>. Acesso em 27 de janeiro de 2018. O intuito do nosso texto não é denigrir a canção, pois, além de conter muitas verdades bíblicas, é também muito bonita. O intuito é de apenas mostrar o que realmente ensinado nas Escrituras.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A condenação do aborto na História






                                                                                                          Επίστευσα, διὸ ἐλάλησα
                                                                                                               Cri, por isso falei



Apesar de o debate sobre o aborto ser frequente em nossos dias devido a insistência de alguns que acham essa prática algo legal, desde os tempos antigos ele era visto como um crime seríssimo. Povos que não tinham o Deus da Bíblia como Senhor, como, por exemplo, os sumerianos, babilônios, assírios e hititas não admitiam o aborto em qualquer circunstância. Entre os hebreus a visão era a mesma. Flávio Josefo, historiador judeu, diz que a “Lei ordenou que todas as crianças recebam a devida criação e proibiu as mulheres de abortar ou destruir a semente; a  mulher que o faz será julgada como assassina de crianças, porque fez com que uma alma se perdesse e que a família de um homem fosse diminuída”. (Contra Apion 2. 202.). 

No código legal do Império Medo-Assírio do século 12 a.C há uma sentença de morte em desfavor da mulher que abortasse intencionalmente: “Se alguma mulher abortar intencionalmente, depois de julgada e condenada, deverá ser empalada em estacas sem enterro. E se tiver morrido ao abortar, a empalarão em estacas sem enterrá-la”. 

Todavia, tanto na cultura grega, como na romana, houve uma tolerância quanto ao aborto. Em Roma, por exemplo, existia um regulamento que determinava que filhos acima além do limite permitido deveriam ser abortados. Já para o filósofo grego, Platão, as gestantes com embriões defeituosos não deveriam dar à luz. Aristóteles ainda foi mais adiante ao defender que os bebês nascidos com deformações deveriam ser abandonados para morrerem. Os espartanos, após mergulharem os bebês numa banheira de vinho, como forma de teste, matavam os reprovados jogando-os de uma ribanceira. 

Contudo, corroborando com a Bíblia (Ex 20:13), antigos escritos, como o do pai da igreja, Clemente de Alexandria, condenam o aborto:

 “Toda a nossa vida só pode prosseguir segundo o plano perfeito de Deus se adquirirmos o domínio sobre nossos desejos, praticando a continência desde o início, em vez de destruirmos por meio de atos perversos e perniciosos a descendência humana, cujo nascimento é a obra da Providência Divina. As pessoas que recorrem a medicamentos abortivos para esconder sua fornicação são responsáveis pelo assassinato direto não só do feto, mas também de toda a raça humana”. (JR, Walter C. Kaiser. O Cristão E As Questões Éticas Da Atualidade. Reimpressão. 2017. p. 138, 139, 183. VIDA NOVA).
 A mesma condenação é vista na Didaqué ou A instrução dos Doze Apóstolos: 

Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique magia, nem feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido”. (Padres Apostólicos. 7ª reimpressão. 2015. p. 345. PAULUS). 

O médico grego Hipócrates completa a tríade pró vida:

“A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva”.     
       
                                                            
Todavia, é oportuno dizer que nem todo tipo de aborto é necessariamente inaceitável. Nisso nos referimos ao Aborto Terapêutico. Leiamos o raciocínio de Norman Geisler e Elinaldo Renovato a seguir:

O aborto terapêutico pode ser justificado pelo motivo de que salvar uma pessoa real (a mãe) é mais valioso do que salvar uma pessoa em potencial (o nenê). A mãe tem tanto a personalidade quanto relacionamentos interpessoais, o nenê por nascer não tem nenhum. E visto que a mãe tem os valores superiores finitos que o nenê não tem, segue-se que o ato de salvar a vida dela é intrinsecamente superior àquele de salvar a do nenê. Rejeitamos qualquer raciocínio que argumentaria que se a mãe fosse uma pessoa má (moral ou fisicamente, etc), então o nenê deveria ser conservado, visto ser ele uma pessoa potencialmente boa. Esta posição é utilitarista. Negligencia o valor intrínseco da personalidade e julga de acordo com o fato de a pessoa  faz coisas boas ou más. Além disto, não há garantia de que a mãe não pudesse tornar-se uma pessoa melhor, nem que o nenê não crescesse para ser uma pessoa pior do que a mãe. A fim de justificar o  salvamento do nenê e o sacrifício da mãe por tais motivos seria necessário ser onisciente. E fazer o papel de Deus é um papel perigoso! O homem finito deve contentar-se em fazer aquilo que é intrinsecamente certo e deixar as consequências para Deus. (GEISLER, Norman. Ética Cristã. 2006. VIDA NOVA).

É o aborto, realizado pelo médico, em caso de risco de vida para a mãe. O Código Penal Brasileiro permite sua realização (Artigo 128, inciso I). Nesse caso, tem-se um dilema muito sério. Se o médico deixar o feto nascer, a mãe poderá morrer. Diante disso, mesmo com um sentimento que envolve uma decisão difícil e dolorosa, aceitamos o argumento da ética hierárquica (vide Capítulo 01), segundo o qual a vida real, da mãe, possui maior valor que a vida em potencia do bebê não nascido.(RENOVATO, Lima. Ética Cristã. P. 54. 2012. CPAD).


Por Cristo, Itard Víctor

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sábado, 20 de janeiro de 2018

Jesus e o vinho em Caná






Alguns defensores da ingestão alcóolica, na tentativa de fazer com que Jesus ou a Bíblia aprove a ingestão de álcool, interpretam a fala do mestre-sala, quando este disse: ...“beberam fartamente” (Jo 2:10 ARA) como um xeque-mate contra os que se abstém do álcool pelo simples fato dessa palavra, em grego methysthōsin que vem de methyō, significar uma embriaguez, como, por exemplo, na LXX (Embriagai-o - μεθύσατε αὐτόν (Jr 31:26). Esses defensores dizem que havia um costume de se embriagar em casamentos e que Jesus endossou isso ao transformar água em vinho.

Porém, a nosso olhar o texto de João não diz que as pessoas tinham o hábito de se embriagar, pois methyō também pode ter o sentido de algo suficiente, satisfatório, razoável, regular ou moderado quando lido em  (Is 58:11) na Septuaginta. O texto diz: 

καὶ ἔσται ὁ θεός σου μετὰ σοῦ διὰ παντός καὶ ἐμπλησθήσῃ καθάπερ ἐπιθυμεῖ ἡ ψυχή σου καὶ τὰ ὀστᾶ σου πιανθήσεται καὶ ἔσῃ ( ὡς κῆπος μεθύων ) καὶ ὡς πηγὴ ἣν μὴ ἐξέλιπεν ὕδωρ καὶ τὰ ὀστᾶ σου ὡς βοτάνη ἀνατελεῖ καὶ πιανθήσεται καὶ κληρονομήσουσι γενεὰς γενεῶν (BibleWorks 9)

 O SENHOR te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás ( como um jardim regado ) e como um manancial cujas águas jamais faltam. (Isa 58:11 ARA) 

Este texto diz que o abençoado será como um jardim regado. Ora, regar é totalmente diferente de inundar ou afogar. Alías, se em um jardim as plantas forem afogadas pela água elas podem morrer [1]. Diante disso, é fácil entender que o mestre-sala estava dizendo que geralmente nos casamentos as pessoas tomavam o vinho bom, mas após o seus paladares ficarem totalmente regados com o sabor da uva, elas não distinguiriam qual tipo de vinho estavam tomando quando o de menos qualidade fosse servido. Não era necessário estar bêbado para não perceber a diferença. 

            Além disso, segundo alguns comentaristas, o vinho bíblico era ingerido depois de misturado com água. Vejamos as fontes:

Keener, Craig S. Comentario Bíblico Atos - Novo Testamento. P. 278.ATOS;

STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento. P. 700. ATOS;

GEISLER, Norman & HOWER, Thomas. Manual de Dificuldades Bíblicas p. 406-407. MC;

Bíblia da Reforma. Nota de rodapé. P. 1754. SBB;

BARNES, Albert. Notes on the Whole Bible - 1Timothy 5:23;
Disponível em: <https://www.studylight.org/commentaries/bnb/1-timothy-5.html>

            Desse modo, fica mais claro que Jesus ou a Bíblia em momento algum apoia a ingestão alcoólica sobretudo no modus operandi dos dias atuais onde as pessoas bebem quase todas os dias como entretenimento, algo inexistente nos tempo bíblicos.   

[1]  Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=AvrEeI9iMkI>.